PRAÇA MUNICIPAL: O CORAÇÃO QUE PULSA A CIDADE

Espaço de encontro, memória e turismo: por que investir em praças é investir no bem-estar da comunidade e na imagem de um município, mesmo que não esteja totalmente envolvido pelo turismo regional.

Praças são o coração coletivo das cidades. Nelas, a vida pulsa em ritmo democrático: crianças brincam, idosos descansam, famílias se encontram, artistas se apresentam, turistas fotografam e a economia local respira. Muito além de um simples espaço com bancos e árvores, a praça é um símbolo de cidadania e um cartão de visitas vivo para quem chega.

Uma cidade com praça bem planejada e cuidada transmite vitalidade; sem ela, parece que o munícipe perde um pedaço da sua alma, da sua história e cidadania.

Exemplos que inspiram em Santa Catarina
A Praça XV de Novembro, em Florianópolis, é um ícone histórico e cultural: palco de eventos, feiras e ponto de encontro sob a figueira centenária. Em Criciúma, a Praça Nereu Ramos mostra como a rotina urbana e o comércio se fortalecem quando a praça é viva. Já em Chapecó, a Praça Coronel Bertaso se tornou cenário simbólico diante da Catedral, reforçando identidade e centralidade. Esses casos revelam um padrão: praças que unem história, arborização e uso cotidiano resistem ao tempo.

No Extremo Sul de Santa Catarina, por exemplo, a Praça Hercílio Luz em Araranguá é lembrada pela memória afetiva e pelas atividades culturais que ela sustenta. Já em Praia Grande, a Praça São Sebastião, junto da Rua Coberta, é exemplo regional de conforto climático e programação cultural. Em Sombrio, ainda falta consolidar uma praça municipal preferencialmente no centro, para que seja verdadeiramente o centro pulsante da cidade.

E o que poderia acontecer em Sombrio?
A segunda maior cidade do extremo sul catarinense tem a oportunidade de criar uma praça que vá além da estética: com cobertura leve para eventos, feiras criativas de artesanato e agroindústria local, atividades de bem-estar e convivência, sinalização cultural e acessibilidade plena.

Esse espaço poderia ainda receber mateadas, cinema ao ar livre, mostras culturais e feiras do produtor — eventos de baixo custo, mas de enorme impacto no sentimento de pertencimento e no turismo regional.

A crítica necessária
O maior problema que ainda assombra as praças brasileiras é a visão reducionista do poder público: elas são tratadas como vitrines de gestão, mais voltadas para inaugurações de impacto do que para atender às necessidades reais da população. Em muitos casos, sem arborização consistente, manutenção contínua e programação cultural, logo se tornam ilhas de concreto áridas e vazias.

Um erro recorrente é construí-la sem diálogo com quem vai usá-la: moradores, comerciantes, artistas locais, escolas. O resultado é um espaço bonito, mas desconectado da comunidade. A praça deveria ser laboratório vivo de cidadania, onde diferentes grupos se encontram, onde a diversidade cultural e geracional se expressa.

Além disso, há a questão da acessibilidade. Rampas planejadas, piso tátil contínuo, iluminação que gere segurança, mobiliário adequado para idosos e pessoas com deficiência. Tudo é prioridade, a praça ganha em caráter de espaço democrático.

A praça não deve ser entendida como obra, mas como processo contínuo. Processo de planejamento participativo, de programação cultural, de gestão colaborativa e de avaliação constante.

Por outro lado…
Gestores municipais trabalham com orçamentos limitados, demandas múltiplas e pressão política permanente. Esta é uma realidade. Além disso, falta de equipes técnicas especializadas e a necessidade de dividir atenção entre saúde, educação, infraestrutura básica e cultura é outro fator que condiciona prioridades.

É muito mais difícil manter uma praça viva do que simplesmente inaugurá-la. Então, ao invés de esperar a praça “perfeita”, é mais sensato começar pelo básico — sombra com árvores nativas, bancos confortáveis, iluminação adequada e piso acessível.

A partir daí, implantar uma agenda mínima de eventos: uma feira do produtor, uma mateada comunitária, um show musical de baixo custo. Com o tempo, testando adesão e ouvindo a comunidade, é possível investir em estruturas maiores, como uma rua coberta ou palco fixo.

Sendo assim, o importante não é atingir a praça ideal de imediato, mas garantir que ela esteja sempre em movimento — crescendo, se adaptando e refletindo a identidade da cidade para seus munícipes, visitantes e turistas que por ela passam.

Até a próxima matéria !!

Luiz Fernando Soares
Técnico e Gestor de Turismo – Cadastur 24.016176.96-2

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Coluna Caminhos do Mar e das Alturas
O nome desta coluna evoca a conexão do homem com as atividades entre a grandiosidade dos cânions regionais e a serenidade das praias, criando uma identidade única para a coluna. Reforça o simbolismo da jornada e da conexão entre os elementos da região, com conteúdo envolvendo os segmentos que atendem e direcionam o turismo regional.

Como diretor da TecTur Turismo, sou guia de turismo credenciado nos Parques Nacional de Aparados da Serra e Serra Geral, especificamente na 9ª Região Turística Caminho dos Canyons do Sul – Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sou apaixonado pela fotografia de natureza e das aventuras em que participo, além da consultor e orientador no segmento do turismo rural. Também realizo trabalhos como coordenador e difusor de estratégias e análises no segmento de pesquisa político/administrativo. Gaúcho de Porto Alegre, há mais de 20 anos resido com minha família em Santa Catarina, atualmente no centro de uma região com turismo 12 meses por ano: Sombrio.