CENÁRIO GELADO NOS CÂNIONS EXIGE PREPARAÇÃO ADEQUADA

A falta de informação e infraestrutura para receber turistas em condições extremas de frio é uma questão importante, considerando que a região não é tradicionalmente preparada para o turismo de inverno. Muitas das atividades que atraem os turistas durante o inverno, como caminhadas e visitações aos cânions, podem se tornar perigosas se não forem bem planejadas, com a segurança sendo um fator chave.

O turismo de frio intenso nos cânions de Santa Catarina e Rio Grande do Sul é uma proposta fascinante para os turistas em busca de experiências diferenciadas em contato com a natureza. No entanto, o cenário gelado que atrai visitantes também exige uma preparação adequada, tanto por parte dos turistas quanto das estruturas de recepção.

Mesmo tomando todos os cuidados necessários, existe o risco de o turismo ser tratado apenas como uma moda, sem um desenvolvimento sustentável, o que pode afetar negativamente o ecossistema local. O turismo de frio exige um equilíbrio cuidadoso entre promover a região e manter a integridade dos ambientes naturais.

Como essas dificuldades afetam a experiência do turista?
A falta de infraestrutura e a necessidade de preparação mais rígida não são apenas questões práticas; elas também impactam o potencial de marketing da região, que pode perder turistas por não oferecer uma experiência de qualidade e segura.

A falta de uma reflexão sobre o impacto psicológico e a experiência emocional de quem visita essas regiões durante o inverno, pode ser um aspecto essencial para um turismo mais profundo e envolvente. O risco de superlotação em períodos de pico, por exemplo, deve ser considerado, pois pode gerar mais danos aos serviços de atendimento ao turista, sistema de saúde municipal e regional e também ao ecossistema local.

Sugestões de cuidados essenciais para atividades nos cânions:
– Planejamento de acessos e sinalização adequada: É vital que as trilhas e caminhos nos cânions sejam bem sinalizados e que haja um controle rigoroso sobre o número de turistas que podem acessar áreas mais remotas, onde as condições meteorológicas podem mudar rapidamente. Em trilhas autoguiadas, uma sinalização clara e o acesso controlado ajudam a evitar que turistas se percam ou se exponham a riscos desnecessários;
– Equipamentos apropriados e preparação para frio extremo: O frio intenso exige que os turistas estejam bem preparados com equipamentos adequados, como roupas térmicas, botas impermeáveis e luvas. O receptivo local e os condutores e guias devem garantir que todos os turistas recebam informações sobre o que é necessário levar antes de praticar as atividades. É interessante e essencial oferecer aluguel de equipamentos específicos;
– Guia e condutores preparados para climas extremos: Como o frio intenso pode ser perigoso, ter condutores e guias preparados é fundamental. Eles não apenas garantem a segurança nas trilhas, mas também sabem como reconhecer sinais de hipotermia ou outros problemas relacionados ao frio. Um condutor ou guia experiente pode ser a diferença entre uma aventura segura e um acidente grave;
– Monitoramento de condições meteorológicas e contingências: Antes de qualquer atividade ao ar livre em condições de frio extremo, é essencial que as empresas de turismo receptivo monitorem constantemente as condições climáticas. Tempestades de neve ou mudanças abruptas de vento e temperatura podem criar condições perigosas. Ter um plano de contingência, como rotas alternativas e a possibilidade de interromper ou cancelar atividades em caso de condições adversas, é crucial para a segurança dos turistas;
– Postos de atendimento pré-hospitalar (APH) nas bases de acesso aos cânions: Esses postos devem contar com profissionais capacitados em primeiros socorros e atendimento a emergências típicas de ambientes frios, como hipotermia, lesões por escorregamento e acidentes em trilhas. Devem dispor de equipamentos para aquecimento, kits de primeiros socorros especializados e comunicação via rádio ou satélite para acionar rapidamente serviços de resgate em casos graves. Esse tipo de estrutura aumenta a segurança, transmite confiança aos turistas, incentivando um turismo mais responsável e sustentável na região.

Considerar antes de decidirem por uma trilha nos cânions da região em temporada de frio extremo:

FALTA DE CONHECIMENTO SOBRE O CLIMA E CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS
Ponto Negativo: Muitas vezes, os turistas não têm uma compreensão precisa das condições climáticas extremas que podem ser enfrentadas na região, como nevascas súbitas ou quedas abruptas de temperatura, o que pode tornar a experiência perigosa.
Sugestão: Antes de decidir pela trilha, os turistas devem verificar as previsões climáticas detalhadas para os dias da atividade, incluindo possíveis mudanças bruscas de tempo. Além disso, é essencial consultar guias locais e receptivos de turismo, que podem fornecer informações sobre condições específicas da região.

EQUIPAMENTO INADEQUADO OU INSUFICIENTE
Ponto Negativo: Alguns turistas subestimam a necessidade de um equipamento adequado para trilhas em temperaturas extremas, como roupas impermeáveis, botas apropriadas para o frio e bastões de caminhada, entre outros.
Sugestão: Antes de sair para a trilha, os turistas devem garantir que possuem os equipamentos adequados para as regiões frias. Caso haja necessidade, alugue equipamentos especializados com no local, quando disponível.

SUBESTIMAÇÃO DOS DESAFIOS FÍSICOS DAS TRILHAS
Ponto Negativo: Algumas trilhas em regiões de cânions podem ser fisicamente desafiadoras, especialmente durante o inverno, com terrenos escorregadios ou íngremes. O frio pode também reduzir a resistência física, causando fadiga mais rapidamente.
Sugestão: Antes de decidir por uma trilha, os turistas devem avaliar seu nível de preparo físico e escolher trilhas que correspondam às suas capacidades. É essencial e interessante realizar uma avaliação física prévia e garantir que as trilhas escolhidas são adequadas ao seu condicionamento. Considere a possibilidade de contratar condutores ou guias especializados para garantir a segurança ao longo do percurso.

Esses cuidados, quando seguidos, ajudam a garantir uma experiência mais segura e agradável para os turistas que pretendem visitar a região dos cânions de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, protegem a região natural e na sua grande maioria ainda preservada.

É uma temporada promissora — e, sobretudo, possível.

Até a próxima matéria!!

Luiz Fernando Soares
Técnico e Gestor de Turismo – Cadastur 24.016176.96-2

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Coluna Caminhos do Mar e das Alturas
O nome desta coluna evoca a conexão do homem com as atividades entre a grandiosidade dos cânions regionais e a serenidade das praias, criando uma identidade única para a coluna. Reforça o simbolismo da jornada e da conexão entre os elementos da região, com conteúdo envolvendo os segmentos que atendem e direcionam o turismo regional.

Como diretor da TecTur Turismo, sou guia de turismo credenciado nos Parques Nacional de Aparados da Serra e Serra Geral, especificamente na 9ª Região Turística Caminho dos Canyons do Sul – Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sou apaixonado pela fotografia de natureza e das aventuras em que participo, além da consultor e orientador no segmento do turismo rural. Também realizo trabalhos como coordenador e difusor de estratégias e análises no segmento de pesquisa político/administrativo. Gaúcho de Porto Alegre, há mais de 20 anos resido com minha família em Santa Catarina, atualmente no centro de uma região com turismo 12 meses por ano: Sombrio.