A derrota de virada do Inter para o Botafogo foi um dos jogos mais controversos da atual edição do Brasileirão. A noite que iniciou perfeita se transformou em dor de cabeça para Mano Menezes em vários sentidos e acabou até em briga. Mesmo em vantagem numérica, o time oscilou, aparentou intranquilidade e voltou a pecar na bola aérea. Para piorar, o revés em casa derrubou a série invicta e o Colorado para fora do G-4, na quinta colocação.

O Beira-Rio recebeu um pouco mais de 26 mil torcedores. O ambiente era favorável antes da bola rolar. Até Edenilson, geralmente vaiado, recebeu o carinho da massa vermelha. O ânimo contagiante se justificava pelo início de uma lua de mel com a equipe, que defendia 16 jogos de invencibilidade e tinha chances reais de pressionar Corinthians e Palmeiras na tabela.

O ímpeto avassalador nos primeiros minutos se repetiu contra o Botafogo de Luís Castro. O polêmico pênalti aos dois minutos e a expulsão de Sampaio abriram o que parecia um caminho para mais três pontos na tabela. Edenilson converteu. Bustos, aos 12, ampliou e esboçou um placar tranquilo diante do desestabilizado adversário.

A lógica seria desafiada na fria noite do outono porto-alegrense. Mesmo com o maestro Alan Patrick deitando e rolando na entrelinha botafoguense, o Inter não soube administrar e ampliar o resultado. O gol “acidental” de Vinicius Lopes, como adjetivou Mano Menezes, aos 18 minutos, apimentou o confronto.

As rédeas do jogo seguiram do lado vermelho. As chances, no entanto, já não eram tão claras. Os cariocas assustavam em escapadas rápidas e na bola aérea. O lance de pênalti em Wanderson, não marcado por impedimento de David, acirrou os ânimos dos dois lados.

Ambos demonstravam insatisfação com as marcações e postura do árbitro Sávio Pereira Sampaio, um dos personagens negativos da noite.

– Estávamos bem, mesmo sofrendo um gol acidental. Até por ter um a mais, controlávamos bem. Não aproveitamos o volume e a superioridade para criar chances e definir o jogo, que ficou mais nervoso. Não voltamos tão bem como queríamos, ser mais incisivos, com uma presença de área maior. O Botafogo fez um bom jogo, soube se defender e tinha uma saída de contra-ataque e aproveitaram – disse o técnico Mano Menezes.

Os alicerces colorados saíram por desconforto muscular. Alan Patrick alegou dores na coxa direita no intervalo e deu lugar a Taison, que não manteve a mesma qualidade. Antes, Wanderson, nos acréscimos da etapa inicial, demonstrou incômodo na coxa esquerda e foi substituído por Alemão. A perda técnica foi notória.

O desempenho despencou na etapa final. É preciso ressaltar a organização coletiva e as válvulas de escape do Botafogo. Para o Inter, faltou contundência e qualidade para construir jogadas e marcar o terceiro. A equipe abusou dos cruzamentos para a área. Alemão teve um gol corretamente anulado por toque no braço.

O problema da bola aérea voltou à tona. Aliás, tem sido pauta em praticamente todos os jogos, especialmente em relação a estatura da equipe. Aos 13 minutos, após cobrança de escanteio, a zaga não afastou, Carli ganhou de cabeça e ajeitou para Erison, que, livre, mandou para o fundo das redes.

O jogo seguiu ríspido e tenso. Erison perdeu cara a cara com Daniel e minutos depois teve gol anulado por impedimento. Alemão carimbou o travessão aos 37. Com atacantes nos lugares dos laterais, Mano apostou no abafa para vencer o jogo. E quase funcionou. Mercado completou de cabeça aos 47, mas estava centímetros a frente.

O jogo ainda reservaria o pior para o Inter de Mano. Em rápida escapada, De Pena cortou mal, dois homens da defesa perderam para Kayke, que parou em Daniel. No rebote, Hugo marcou o gol da improvável virada. Um banho de água fria. Na comemoração, provocação e início de confusão generalizada, que teria novos capítulos após o apito final.

– Temos que nos controlar melhor, mas, às vezes, as circunstâncias do jogo acabam como acabou. Não tem sentido. Mesmo com tudo lá dentro, temos que saber nos comportar, aceitar a derrota como foi e trabalhar para não ocorrer – resumiu Mano.

A noite que tinha tudo para ser perfeita terminou com derrota, perda da invencibilidade sob comando de Mano, queda de posições na tabela, vaias, gritos de “frangueiro” para Daniel, ofensas ao presidente Alessandro Barcellos e expulsões devido à briga. Mercado, ainda durante a partida, e David receberam cartão vermelho.

Com o resultado, o Inter caiu para a quinta posição com os mesmos 21 pontos. A distância para o líder Palmeiras pode aumentar em caso de vitória sobre o São Paulo. Por outro lado, se o Tricolor do Morumbi triunfar, cairia para sexto na tabela de classificação.

A reapresentação do elenco está agendada para a manhã de terça-feira. Apenas atletas em recuperação irão ao CT do Parque Gigante nesta terça-feira. O próximo compromisso do Inter será contra o Coritiba, na sexta-feira, às 21h30, no estádio Beira-Rio.