A tragédia que tirou a vida da pequena Aylla, de apenas 1 ano, em Sombrio, continua comovendo toda a região. A bebê foi atropelada por um caminhão enquanto estava na cadeirinha da bicicleta da mãe, de apenas 16 anos, que ficou ferida. Dias depois do ocorrido, a avó paterna da criança, Cleimar Albuquerque, deu um depoimento emocionado, em vídeo, falando sobre a dor imensa da perda e como está tentando encontrar forças para apoiar seu filho e sua nora.

“Ela era só alegria, só dengo. Quando ela chegava, era rindo, levantando os bracinhos. Eu comprei uma cozinhazinha de brinquedo, ela brincava ali toda feliz”, relembrou Cleimar, com lágrimas nos olhos.

A avó contou que Aylla entrou na vida da família num momento delicado, logo após a perda de seu pai e de sua avó. “Eu me sentia sozinha. Quando descobrimos a gravidez, foi um choque porque os dois são muito novos. Mas a gente abraçou, acolheu. E aquela bebê veio preencher um vazio que ninguém mais conseguia.”

No dia do acidente, Cleimar chegou a sair pela manhã com sua mãe para comprar salgadinhos e um bolinho simples para comemorar o aniversário de 1 ano da neta. “A gente não ia fazer festa grande, mas não queria deixar passar em branco. Encomendei tudo pela manhã. Quando foi perto do meio-dia, minha nora chegou com a Aylla em casa. Ela veio toda sorridente, levantando os bracinhos pra mim. Brincamos juntas ali no colchão… e depois, poucas horas depois, recebo a notícia.”

A avó também relatou que foi ela quem teve que dar a notícia à mãe da menina, que estava no hospital. “Me pediram pra contar. Eu saí do hospital, fui lá pra fora, pedi muita força pra Deus. Como é que eu ia dizer isso pra ela? Eu fui conversando devagar, fui tentando acalmar, até que falei. Ela chorou muito. Me disse que queria estar no lugar da filha.”

O filho de Cleimar, pai da criança, também tem passado por momentos difíceis. “Ele entra em desespero quando vê as roupinhas da filha, as fotos. Já me disse que não queria mais viver. Eu tenho que ser forte por eles, mas é uma dor que parece que rasga por dentro.”

Ao falar da neta, a avó mal consegue conter a emoção: “Ela dormia abraçadinha comigo. Me chamava, ria com as bobagens que eu falava. Eu não vou ouvir ela me chamar de vó. Não vou ver ela andar. Essa dor não passa. Passa cem anos e não passa.”

Apesar do sofrimento, Cleimar agradece pelo apoio que a família tem recebido. “A cidade de Sombrio foi maravilhosa conosco. Todo mundo pergunta como estamos, se oferecem pra ajudar. Agradeço também à equipe do Hospital Dom Joaquim, que nos acolheu e continua nos acompanhando, aos professores, à prefeita, a todos que estiveram presentes no velório da minha neta.”

Por fim, ela faz um apelo por justiça: “A justiça dos homens tem seu caminho, mas a de Deus não falha. Só peço que a história da Aylla não seja esquecida. Que nenhuma outra criança passe por isso. Que nenhuma família sinta essa dor que estamos sentindo agora. Ela era perfeita, um anjinho. E a saudade vai ser eterna.”

A mãe da bebê permanece hospitalizada, mas sem risco de vida, e segue em recuperação. A Polícia Civil continua investigando o acidente e o condutor do caminhão foi liberado após audiência de custódia.